Influência do Jazz
17 06 2008A vida costuma ser bem simples quando nós paramos de nos preocupar com o que não vale a pena. Nos resta diferenciar o que vale do que não vale a pena. Honestamente eu costumo dar valor demais a coisas que nem deveriam ser lavadas a sério, e só percebo isso quando já é tarde demais, já estou me desesperado achando que o mundo vai acabar em um cataclísma “ultra-violeta”, uma hecatombe ou coisa assim (o “ultra-violeta” é piada interna).
Que nada! Eu sempre digo que cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é, mas eu me esqueço de mencionar que os nossos problemas só são tão grandes quanto nós queiramos que sejam, eles assumem a proporção que nós damos a eles. Não adianta achar que os maiores problemas do mundo são os nossos pois nós é que temos que resolve-los. Problema é coisa de quem não tem mais o que fazer da vida. Já viu pedreiro estressado? Empregada doméstica? Já parou pra pensar o quanto essas pessoas ralam, trabalham, suam e sofrem pra dar um vida um pouquinho mais digna que seja pros seus filhos, irmãos, pais? Eles estão sempre na lida e dificilmente você os vê reclamando que o trabalho os esta deixando estressados, que eles precisam de terapia. Terapia é coisa de rico que tem tempo livre pra pensar bobagem.
Eu não to dizendo que eles não tenham problemas, só to dizendo que os problemas deles estão diretamente ligados a falhas de outros. Eles tem problemas de saúde por que não tem médico suficiente na rede pública, eles tem problemas de saneamento por que as obras nunca acabam, eles tem problemas de escolaridade por que livro é luxo e professor no Brasil é menos valorizado que um saco de babatas (batata pelo menos você pode assar) e ainda assim eles só reclamam dessas coisas quando a situação fica realmente insustentável.
Hoje foi um dia em que muita gente deixou a modéstia de lado. A Esquadra Azzurra meteu 2×0 em Les Bleus (fora o show), a França não se achou no campo e pra piorar ainda cometeu erros banais. A Itália simplesmente tripudiou em cima dos adversários que entraram em campo querendo uma revanche pela copa do mundo. Pois é, não foi dessa vez. Depois no meio de uma canja musical (muito boa por sinal e a Jéssica perdeu por que foi pra Maringá ao invés de vir pra Campinas) um gringo pianista cujo nome eu infelizmente não sei para dar os devidos créditos me solta algo como “vai tocando que eu acompanho”. Eu senti uma firmeza tão grande naquilo que eu pensei “esse cara não tem modéstia, mas é porque ele não precisa!!!”. Eu acompanho!?!?!?!? O cara deu um show a parte, começando pelo fato que em menos um minuto de música ele já tinha pego toda a harmonia e na hora do solo de teclado a improvisação dele foi, de longe, melhor do que as de quem já conhecia a música.
A gente se preocupa demais com problemas simples, apenas por que não estamos acostumados a improvisar. Isso é claro! Se não sabe invente! É por isso que as pessoas mais simples não reclamam de problemas, porque elas já estão tão acostumadas a ter que improvisar que isso virou procedimento padrão. Nós deveríamos seguir esses exemplos. O exemplo da Itália de, mesmo tendo ganhado a última copa não menosprezar os desafios e jogar dando o máximo sempre; o exemplo dos que menos têm, pois são os que mais produzem riqueza, os que tem menos na mesa e ainda assim não desanimam; o exemplo dos músicos que não se importam se conhecem ou não o que vão tocar, eles simplesmente tocam adaptando o que sabem às circunstâncias que vou proporcionar o resultado que buscam.
Não adianta ficar fazendo planos, ficar pensando em evitar problemas, ficar tentando fugir das situações difíceis. Elas sempre vão aparecer pra frustar nossos planos, com imprevistos e vão nos perseguir em qualquer lugar que estejamos.
A grande solução pra vida é a arte do improviso, façamos como o grande Carlos Lyra. Nós não precisamos de soluções prontas pra tudo, só precisamos de um pouco de criatividade, o que falta pra felicidade é só uma influência do jazz.
PS.: Como últimas palavras eu queria dizer que eu sempre cumpro minhas promessas e dessa vez o fiz na base do improviso. Eu cheguei em casa pensando em escrever algo mais centrado ao redor de outro tema e vim com o título pronto, “All That Jazz”. O fato é que em meio as digressões que foram surgindo eu resolvi entrar na brainstorm e deixar rolar, mas ainda assim eu vou dedicar esse post pra Jéssica como eu havia prometido e jogando a modéstia de lado, porque eu achei que ficou muito melhor da forma que saiu, totalmente diferente do que eu havia planejado. Como diria uma amiga minha “desencana que a vida engana”. Ta na dúvida do que fazer improvisa, é sempre melhor do que esperar a solução. Beijo Jéssica, paguei minha dívida, falta você pagar as suas.